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26 de Abril de 2024

CCJ da Câmara aprova proposta que reduz maioridade penal

Publicado por Wagner Francesco ⚖
há 9 anos

Após uma semana de protestos e sessões tumultuadas, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou, por 42 votos a 17, nesta terça-feira a admissibilidade da proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal no Brasil. Com isso, uma comissão especial será criada para analisar o texto.

A PEC 171 foi proposta em 1993 pelo então deputado federal Benedito Domingos (PP-DF), mas nunca havia entrado em análise na Casa. Os deputados aprovaram um voto em separado do deputado Marcos Rogério (PDT-RO) e rejeitaram o relatório de Luiz Couto (PT-PB), contrário à proposta e que ganhou apoio do PCdoB, PPS, PSB, Pros e Psol.

Os defensores da PEC acreditam que jovens entre 16 e 18 anos cometem crimes com ciência de que ficarão impunes. Já os opositores acreditam que a idade mínima para a punição é uma cláusula pétrea da Constituição, ou seja, não pode ser alterada. Argumentam também que colocar jovens em presídios seria uma medida ineficaz para reduzir a criminalidade.

Junto da PEC 171/1993, foi aprovada a admissibilidade de outras 37 propostas apensadas - uma delas reduz para 12 anos a maioridade penal. Com o aval, deputados entenderam que há requisitos constitucionais mínimos para discutir a alteração do artigo 228 da Constituição. A partir de agora, uma comissão especial terá 40 sessões para discutir o mérito da proposta.

Se aprovada na comissão especial, a PEC terá ainda que ser votada em dois turnos no plenário da Câmara dos Deputados e precisa de três quintos do número de deputados para ser aprovada (308 dos 513). Depois, o texto segue para o Senado. O PT decidiu ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) antes da criação da comissão especial para evitar a discussão da PEC.

Para o deputado Marcos Rogério, autor do voto vencedor, a Constituição proíbe abolir a maioridade penal, mas não reduzi-la. “A Constituição permite sim a alteração da idade mínima criminal, mas veda que essa alteração tenda a abolir o instituto da maioridade (por exemplo: reduzir para 5 anos a idade mínima para o processo penal – isso sim tenderia abolir cláusula pétrea)”, diz o relatório.

A redução da maioridade penal ganhou força com o aumento do número de deputados conservadores e o crescimento da chamada “bancada da bala”, formada por parlamentares militares e policiais. Também contou para a aceleração da proposta a indicação de pesquisas recentes de que mais de 90% da população são favoráveis à mudança.

“Estão caminhando num equívoco a partir de uma opinião supostamente pública de que 90% desejam essa criminalização de quem tem menos de 18 anos. Quando lembro que, no Brasil, há uma das menores idades para o ato infracional, que é de 12 anos, muitas pessoas se sensibilizam. A reincidência de quem sai das nossas penitenciárias medievais é de mais de 70%”, disse o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), ao defender a derrubada da proposta.

Ao defender a tramitação da PEC, o deputado Giovani Cherini (PDT-RS) disse receber várias manifestações de eleitores pela redução da maioridade penal. “Quero dizer para todos os jovens que, quem não cometer crime, não tem perigo nenhum. O que estamos fazendo aqui não é colocar jovens na cadeia. Estamos fazendo com que jovens que cometerem crime, não tenham a certeza da impunidade. Pior que está, não fica. Sei que não é a solução, mas pode ser o começo de uma solução.”

Deputados se exaltam em discussão Deputados contrários e favoráveis à redução da maioridade penal se exaltaram durante a discussão da PEC. Maria do Rosário (PT-RS) levantou-se e passou a gritar no plenário da comissão quando não conseguiu terminar seu argumento no tempo determinado e teve o microfone cortado.

Também contrário à redução da maioridade penal, Alessandro Molon (PT-RJ) criticou a posição de parte do PDT de concordar com a tramitação da proposta, lembrando o projeto de educação integral do fundador da legenda, Leonel Brizola. “Eu me surpreendo que companheiros do partido de Leonel de Moura Brizola, que criou os Cieps, que se estivesse vivo eu duvido que essa seria a posição aqui defendida”, disse. Nesse momento, Major Olímpio (PDT-SP) reagiu aos gritos: “cuide do seu partido!”.

Fonte: Terra

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40 Comentários

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Mais uma vez, a Câmara pisa na Constituição para aprovar medidas claramente eleitoreiras. Depois, resta ao Supremo resgatar a moralidade constitucional do Parlamento, e ainda têm a cara de pau de falar em "ativismo judicial". Se trabalhassem direito, não precisaríamos deste controle de constitucionalidade. continuar lendo

O pior é que imagine que se for ao STF e for julgado Inconstitucional, vão dizer que é porque "O STF é braço do PT".

A briga política está tão sem noção que até por cima de crianças e adolescentes eles querem passar.

No fim deste túnel tem mais escuridão. continuar lendo

Pisa na CF onde? É sabido que é muito minoritária a corrente que considera cláusula pétrea a idade penal. continuar lendo

Minoritária aonde, caro William? Com que base podes falar isso? Há dois anos sou pesquisador da área e posso afirmar, com propriedade, que majoritária corrente constitucional considera o art. 228 como cláusula pétrea (e aí incluo nomes de doutrinadores"nada"importantes, como Canotilho, Uadi Lammego, Dalmo Dallari, Barroso, entre outros). Precisas rever (ou aprofundar) suas pesquisas. continuar lendo

16 anos pode votar e decidir o futuro do país: OK.
14 anos pode fazer sexo, pode aprender sobre concepção e preservativos, OK.

Querem baixar a idade de iniciação sexual para 12 anos (que era de 18, baixou para 14), OK.

OH MEU SANTO, não podem penalizar criminalmente os coitados de 16 e 17 anos, eles não sabem o que fazem, não coitadinhos, não resolverá nada!!!

Para derrubar essa bobagem esquerdista daqueles que defendem criminosos e vagabundos, seguem dois textos:

É preciso endurecer as punições
http://tiagovix.jusbrasil.com.br/artigos/177865857/e-preciso-endurecer-as-punicoes

Penas duras contribuem para a redução da violência e criminalidade?
http://tiagovix.jusbrasil.com.br/artigos/177516016/penas-duras-contribuem-paraareducao-da-violenciaecriminalidade continuar lendo

O artigo 228 da Constituição Federal estabelece:

"São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial".

O artigo 104 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina que são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos.

Portanto, existe norma constitucional que determina, expressamente, a idade de 18 anos como termo inicial para responsabilidade criminal.

Um adulto comete crime, é preso e recebe pena.

Um menor comete ato infracional, é apreendido e recebe medida sócio educativa, conforme depreende-se dos arts. 103 à 105 do ECA.

Portanto, sou contra a proposta de redução da menoridade penal, pois entendo que a Constituição Federal e o ECA devem ser preservados. continuar lendo

Medida claramente eleitoreira e inconsequente. continuar lendo

Eleitoreira e inconsequente? juro que eu tento entender essa linha de raciocínio que algumas pessoas adotam, vivemos num país onde um jovem de 16 anos tem responsabilidade ou é considerado resposanvel e capaz para votar e ajudar a eleger um representante mas o mesmo não pode responder criminalmente por seus atos? é só olhar pro lado e ver que muitos se aproveitam do fato de ser ¨di menó¨ para fazer as M's e apostar na impunidade, ja cansei de ouvir frase do tipo "sou menor não pega nada pra mim não", já passou da hora dessa e de outras coisas que envergonham o Brasil acabar, parabéns ao CCJ por esse avanço... continuar lendo

Com a mente aberta, leia e entenda: https://18razoes.wordpress.com/quem-somos/ continuar lendo

Anderson usa como parâmetro a idade pra votar.

Meu amigo se fosse possível esses deputados colocariam voto obrigatório a partir dos 05 anos de idade.

Veja só... isso é comparação de um pessoa que pensa? continuar lendo

Como disse o astronauta que pisou na lua: "estamos dando um grande passo para trás". :P continuar lendo

Eita, retrocesso atrás de retrocesso. Por que a redução da maioridade penal não é o certo a se fazer ? Porque o índice de reincidência nas prisões é de 70%, o sistema prisional n suporta mais pessoas, não reduz a violência , esta vai continuar a existir, educar é mais importante a punir , tratar as causas e não o efeito ... E principalmente os dois últimos motivos, já que a pena é para ressocializar e não para punir, como pensava na idade média.... Já passamos dessa fase....Não vamos tapar o sol com a peneira, vamos educar os menores , dessa maneira se a redução for aprovada, o Estado vai se isentar dessa responsabilidade continuar lendo