43% dos policiais concordam que devem ser premiados por matar bandidos
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Recebo com imensa preocupação a notícia de que "quase metade dos policiais brasileiros (43,2%) acreditam que o policial que mata um criminoso deve ser premiado pela corporação."
Os dados são da pesquisa "Opinião dos Policiais Brasileiros sobre Reformas e Modernização da Segurança Pública”, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com o Centro de Pesquisas Aplicadas da Fundação Getulio Vargas (CPJA-FGV) e o Sistema Nacional de Segurança Pública (Senasp), divulgada nesta quarta-feira.
A pesquisa foi respondida por 2,1 mil agentes de segurança, entre policiais militares (52,9%), civis (22%), federais (10,4%), rodoviários federais (4,1%), bombeiros (8,4%) e integrantes de polícias científicas (2,3%).
O que se passa na cabeça de uma corporação que acredita que a morte de um criminoso deva merecer recompensa? Poderemos imaginar que matar bandidos agora vai entrar no currículo para fins de ascensão de carreira ou para completar o baixo salário?
Onde ficam os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório? E o Brasil agora legitimou a pena de morte?
A pesquisa foi anônima, então os policiais se expressaram abertamente, sem medo. Falaram o que pensam, livres de ter de reproduzir os códigos da corporação. O que nos parece é que essa lógica é uma forma de lidar com a pressão diária a que são submetidos", afirma a pesquisadora.
Temos muito o que nos preocupar. É sério. Se a forma de lidar com a pressão diária a que são submetidos é matando, por que não é justo acreditar que muitos roubam pela pressão diária a que são submetidos, frutos de um sistema que marginaliza uma imensa população? Quem sofre de pressão diária, deve procurar terapia: e matar, com certeza, não é a melhor forma de aliviar tensão.
Jakobs, criador da Teoria penal do Inimigo, fala que todo aquele indivíduo que é considerado "um perigo latente" e não simplesmente um delinquente, "perde sua qualidade de pessoa e pode de certo modo ser visto como um"animal perigoso".
Uma sociedade justa onde se mata bandidos? E se for inocente, como muitos são os casos? Isto tem cheiro de nazismo.
Um fato pra mim é óbvio: evidentemente que a PM não vai matar os bandidos do colarinho branco, os engravatados...
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Fonte: Geledes
2 Comentários
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Nobre amigo Doutor Wagner Francesco.
Na verdade essa lacuna está inserida numa série de informações, apresentadas numa pesquisa nacional, feita às corporações policiais, mais precisamente aos seus contingentes.
Essa pergunta, inclusive, está mal elaborada, pois como foi feita, deixa transparecer que o servidor imbuído na Segurança Pública no território nacional, estadual e municipal, encontra prazer em levar à óbito, o infrator que se encontra em situação de detenção.
E, na análise que realizo, não vejo que seja, bem, dessa forma.
Eu acredito, que o agente aplicador da lei, quando em defesa da sociedade comum, e, da ordem pública, se depara com bandos armados, praticando atrocidades, além de roubos e agressões, e, que reagem de forma letal, à essa devida abordagem, e, que ao invés de cessar a infração, se insurge contra o Estado, ali representado pelos agentes, podem vir à óbito, ambas as partes, e, que nesses casos, creio eu, que seja, o infrator.
Precisamos, voltar os olhares, para as condições de ação do Estado, seu preparo, sua manutenção e sua atribuição, inclusive.
Militar, é preparado para a guerra, e, isso, não pode ser encarado como surpresa, nem absurdo, é o que é.
Agora, o que precisamos de verdade, é de reforma completa e irrestrita da própria Segurança Pública deste país.
Essa mesma sociedade, porém, que discrimina, se assusta, esbraveja contra esse tipo de ação...infelizmente, é a mesma que em mobilizações, se utilizam da violência, para fazer valer a sua vontade de protestar...são as mesmas pessoas, que se acham justiceiras e capturam infratores, espancam, e em grande número, se não houver, inclusive intervenção dessa mesma polícia, lincham pessoas...
Não possuo procuração, nem faço defesa de qualquer que seja a situação, apenas, esclareço que a situação, pode ser melhor gerenciada...
Muitos falam em 'Fim das Polícias'...'Desmilitarização das Polícias'...Mas ninguém faz mobilização, para reestruturação dos setores de serviços essenciais, e, isso inclui também as próprias Polícias.
Portanto, eu colaboro e louvo com seguidos textos, bem apresentados. Isso, nos eleva à reflexão política e social, dos problemas apresentados pela nossa sociedade. Precisamos nos envolver mais, nas discussões estruturais. continuar lendo
Getúlio, boa tarde.
Você tocou em algo que eu curto demais "discussões estruturais".
Concordo que não adianta ficar massacrando a organização Policial, mas também havemos de convir que vivemos tempos de banalização do termo criminoso. Um criminoso, queremos ou não, é um ser humano e deve ser levado a julgamento e, caso culpado, condenado. Matar não é nada democrático. E, infelizmente, conheço policiais que pensam assim mesmo - e são amigos meus, colegas de faculdade.
Mas a PM, assim como as demais instituições de nosso país, está falida: moralmente, eticamente e organizadamente. Tudo isto fruto de um Estado também falido.
Mas o debate é importante e ele pode nos livrar do abismo.
Grande abraço. continuar lendo