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16 de Abril de 2024

Para frear sanha punitiva, Wadih Damous apresenta projeto para Lei de Responsabilidade Político-Criminal

Estabelece a necessidade de análise prévia do impacto social e orçamentário das propostas legislativas que tratam de criação de novos tipos penais, aumento de pena ou que tornem mais rigorosa a execução da pena.

Publicado por Wagner Francesco ⚖
há 8 anos

Para frear sanha punitiva Wadih Damous apresenta projeto para Lei de Responsabilidade Poltico-Criminal

Com o objetivo de combater a escalada do punitivismo penal legislativo, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) apresentou, nesta terça-feira (16), um projeto (PL 4373/2016) que cria a Lei de Responsabilidade Político-Criminal. A proposta estabelece a necessidade de análise prévia do impacto social e orçamentário de matérias legislativas que tratam de criação de novos tipos penais, aumento de pena ou que tornem mais rigorosa a execução da pena.

“Vivemos um contexto de criminalização generalizada e isso tem consolidado no imaginário de determinados segmentos sociais, sobretudo de classe média, a ideia de que o Direito Penal resolve todos os problemas da sociedade, todas as mazelas sociais. Isso é meio caminho andado para um cenário de autoritarismo ou mesmo fascista”, diz o parlamentar, que foi presidente da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ).

Damous argumenta que o debate no Parlamento sobre leis penais deve ser conduzido pela racionalidade. “A ausência de quaisquer investigações empíricas prévias ou de estudos técnicos aprofundados”, explica o deputado na justificativa do projeto, faz com que o Congresso seja muitas vezes levado a votar propostas que visam aumentar penas ou criar novos tipos penais “sem ter a real dimensão dos seus impactos na vida cotidiana de milhões de brasileiros”.

Citando estudo da Associação Latino-Americana de Direito Penal e Criminologia (ALPEC), sobre as tendências legislativas do Direito Penal e Processo Penal Brasileiro entre 1985 a 2015, Damous aponta que, “a criminalização primária brasileira está em franca expansão”. O estudo registra que há no Brasil atualmente 1.688 hipóteses de criminalização primária distribuídas pelo Código Penal e dezenas de outras leis especiais, sendo que, desde a promulgação da Constituição de 1988 até agosto de 2015, foram editadas 77 leis ordinárias e complementares criando novos tipos penais.

A pesquisa da ALPEC indica que, entre 1940 – quando foi criado o Código Penal – e o fim da ditadura em 1985, foram editadas 91 leis com conteúdo penal, uma média de 2,07 leis penais ao ano. Já no período de março de 1985 a dezembro de 2011 foram editadas 111 novas leis com conteúdo penal, o que resulta numa média de 4,27 leis penais ao ano. “Ou seja, o Brasil, após a democratização, criminalizou mais que o dobro em praticamente metade do tempo, em comparação com o período da ditadura militar. Tal constatação, coloca em cheque a própria efetivação do regime democrático”, observa o parlamentar.

“Por outro lado, o custo para construção de novas vagas em estabelecimentos penais é alto, bem como o de manutenção dos presos, o que torna praticamente inviável, diante da realidade atual, adequar nossos estabelecimentos à sanha punitiva legislativa”, complementa Damous.

Fonte: PT na Câmara

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41 Comentários

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Fico impressionado em ler um texto onde um deputado (do PT, é claro) fala em "criminalização generalizada", e propõe um projeto de lei versando sobre a "necessidade de análise prévia do impacto social e orçamentário de matérias legislativas que tratam de criação de novos tipos penais".

A impressão que me salta aos olhos é que esse pessoal está se lixando para o povo, e cada vez mais se preocupando com o presente e o futuro do criminoso. Claro que ninguém em sã consciência deseja que esses meliantes sejam objeto de vingança por parte do Estado, agora falar em punitivismo num país conhecido mundialmente por ser corrupto e tolerante com o crime, é no mínimo cômico.

Eu proponho que, durante o tempo em que esse impacto social e orçamentário dessas matérias que tratam da criação de novos tipos penais estiverem sendo analisados, que o cidadão possa permanecer na casa do nobre deputado, onde existem seguranças particulares e bem armados. continuar lendo

O medo faz até com que trabalhem.
Claro que em benefício próprio... continuar lendo

Salvo melhor juízo, não se parece estar querendo revogar o crime de homicídio e ou latrocínio. Ao contrário, concordo com a orientação na medida em que se deva ter estudos prévios antes de se proceder ao endurecimento do aparelho sancionatório estatal. Com isso, obviamente, criam-se freios para que Promotores que queiram aparecer processem quem joga bituca de cigarro em vaso de planta protegida, como crime ambiental federal. Há tipos penais mirabolantes no país. Há tutelas mais efetivas no âmbito cível para combater coisas que se situam no âmbito do poder de polícia do Estado. Pelo óbvio que, repita-se, havendo estudos, não se revogará o tipo penal do homicídio, mas não é qualquer deslize (o mundo não é composto de pessoas perfeitas - mas todos estão aqui para aprender com erros e evoluir) que justifique o encarceramento em masmorras, quando uma multa administrativa resolveria melhor o problema. Meu saudoso Professor de Processo Penal, Sérgio Marques de Moraes Pitombo, em suas aulas pontuava no sentido de que o problema do processo penal é que sempre se pensa que ele atingirá os outros. Mas quem, dentre vós, nunca passou num sinal vermelho à noite ? Até para evitar um assalto. Se uma viatura visse, ao invés de aplicar multa, poderia iniciar processo por crime de direção perigosa. Se você dialogasse com o policial e ele entendesse que você está exaltado e juntasse os colegas de guarnição e dissesse que você o estava desacatando ? E por aí vai. Você correria o risco de ser preso e condenado criminalmente. A lógica não é a de que quanto mais policialesco mais seguro o Estado, ao contrário, a lógica é a de que, quanto mais garantias democráticas existir no país, mais seguro será o Estado. Pensem nisso. continuar lendo

Agradecida pela exposiçao. continuar lendo

Infelizmente o que mais ocorre é o oposto. A impunidade é a regra, tanto mais ardilosamente urdida quanto mais recursos tem o réu. continuar lendo

Parabéns,Sr!
Lamento que,qualquer atitude tomada não apenas por políticos ligados ao PT (não necessariamente petistas) provoque,com pouca ou nenhuma presença de raciocínio, as reações preconceituosas e e mal intencionadas de cidadãos brasileiros. Até creio que a discussão de ideias faça os raciocínios evoluírem mas há que,de antemão aceitar a realidade das propostas e suas possíveis viabilizações práticas. Não há progresso, creio eu, onde a ignorância de fatos venha companhada de preconceitos e pedras nas mãos.
Reafirmo com prazer,meu voto!
Parabéns!!! continuar lendo

"Ideia de que o Direito Penal resolve todos os problemas da sociedade, todas as mazelas sociais. Isso é meio caminho andado para um cenário de autoritarismo ou mesmo fascista"

Entendo que é o contrário.

A ausência de um Direito Penal, a leniência com o delito, a aceitação do crime como algo normal....Tudo isso leva à criação de um Estado paralelo, onde neste sim, vigem as relações de autoritarismo e fascismo.

Quer um exemplo?
Milícias no Rio de Janeiro.
Mais um?
Coronelismo no Nordeste.

Meu estado (RJ), abençoado por Deus e amaldiçoado pelos homens, vive essa realidade.
Onde não existe Direito, os mais fortes, os que portam mais armas, estes fazem a lei.

Boa sorte a todos nós, com a redução do Direito Penal. continuar lendo