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19 de Abril de 2024

Dois senadores já admitem rever voto pelo impeachment

Mudança de posição de Romário e Gurgacz poderia alterar julgamento definitivo de Dilma.

Publicado por Wagner Francesco ⚖
há 8 anos

BRASÍLIA E RIO — Em meio à crise política que atinge o governo interino de Michel Temer, que, em 19 dias desde a posse, já teve que afastar dois ministros flagrados em grampos telefônicos tentando barrar a operação Lava-Jato, os senadores Romário (PSB-RJ) e Acir Gurgacz (PDT-RO), que votaram pela abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, admitem agora a possibilidade de rever seus votos no julgamento final, que deve ocorrer até setembro. A virada desses dois votos, caso se concretize e os demais votos se mantivessem, seria suficiente para evitar a cassação definitiva da petista. O Senado abriu o processo de impeachment com o apoio de 55 senadores e, para confirmar essa decisão no julgamento de mérito, são necessários 54 votos.

Romário não descarta que os novos acontecimentos políticos provocados pelos grampos do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, mudem seu voto. O senador do PSB votou pelo afastamento de Dilma, mas diz que “novos fatos” podem influenciar seu voto no julgamento definitivo.

— Meu voto foi pela admissibilidade do impeachment, ou seja, pela continuidade da investigação para que pudéssemos saber se a presidente cometeu ou não crime de responsabilidade. Porém, assim como questões políticas influenciaram muitos votos na primeira votação, todos esses novos fatos políticos irão influenciar também. Meu voto final estará amparado em questões técnicas e no que for melhor para o país — disse Romário ao GLOBO ontem.

No PSB de Romário, no Senado, cresce a tese em defesa da realização de novas eleições. Esse argumento, de nem Temer nem Dilma, pode ser usado para reverter votos contra Dilma na Casa. Entre os líderes dos partidos aliados de Michel Temer, há uma preocupação com os erros sucessivos e que as crises políticas afetem a votação do impeachment.

O PT vai usar, na defesa de Dilma na comissão do impeachment, a conversa de Machado com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), em que o então ministro do Planejamento diz que a aprovação do impeachment de Dilma poderia “estancar a sangria”. A interpretação é que o objetivo do impeachment era interromper as investigações da Lava-Jato, que atinge vários integrantes da cúpula do PMDB.

Já Acir Gurgacz assegurou a seu partido, segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, que mudará sua posição e votará contra o impeachment desta vez. Por conta disso, o Diretório Nacional do PDT adiou ontem decisão sobre uma punição disciplinar aos senadores do partido. Ainda de acordo com Lupi, o senador Lasier Martins (PDT-RS) pretende manter seu voto favorável ao afastamento de Dilma.

— O Acir vai votar contra (o impeachment), ele mandou por escrito — disse Lupi.

Procurado, Gurgacz afirmou que ainda não tem posição fechada:

— O que eu coloquei é que a admissibilidade (do impeachment) era uma necessidade, porque a população estava cobrando a discussão. O mérito é outro momento, estamos avaliando. Entendo que não há crime de responsabilidade fiscal por causa das pedaladas (fiscais), mas a questão é mais pela governabilidade, pelo interesse nacional.

O Diretório Nacional do PDT expulsou ontem o deputado Giovani Cherini (RS) por ter votado a favor da abertura do processo. Apesar de também terem apoiado o afastamento de Dilma, outros cinco deputados receberam uma punição praticamente simbólica, a suspensão por 40 dias.

Parecer da Comissão de Ética do PDT apontou como agravantes do caso Cherini o fato de ele ter supostamente feito campanha contra a orientação partidária, ter tentado virar outros votos no partido, e ter dado declarações a favor do impeachment.

Foram suspensos os deputados Sérgio Vidigal (ES), Flávia Morais (GO), Mário Heringer (MG), Subtenente Gonzaga (MG) e Hissa Abrahão (AM).

— O fechamento de questão é uma coisa, a decisão sobre quem não cumpriu é outra. É legítima qualquer decisão (do diretório)— disse Lupi, irritado, ao rebater crítica de um integrante do partido, que defendia a expulsão dos seis deputados, já que o PDT havia fechado questão contra o impeachment.

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23 Comentários

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Penso que todos estão perdidos. Ora, o senador não pode mudar o seu voto sob o argumento de "questões políticas influenciaram muitos votos na primeira votação, todos esses novos fatos políticos irão influenciar também". Independente de fatos políticos, novos ou antigos, o que justifica o afastamento de um presidente é a existência de crime de responsabilidade. Se o Senador está convicto que houve crime, deve votar pelo impeachment - e que os fatos políticos, como canta Roberto Carlos, "vá para o inferno". continuar lendo

Perfeito!
Vejamos só nas mãos de quem está a gestão de nosso pais!
#cadapovotemagestãoquemerece...
somos todos culpados!! continuar lendo

Mas, segundo ele, Romário, os atuais fatos políticos já não o deixam convencido do cometimento de crime pela presidenta! Faz sentido. Pelas denúncias atuais, sabe-se, agora, que o seu pedido de afastamento foi engendrado para que fosse barrada a operação lava a jato! Isso está cristalino! Se ele sabia ou não desses fatos, quando votou a favor do impeachment, é outra coisa! Sem provas de que tinha conhecimento, não há impedimento de alteração de seu voto! E, mesmo se tivesse, como dizem os ministros do STF é um fato político, e, assim, cada um vota como sua consciência mandar! continuar lendo

Na teoria seria isso mesmo Sr. Wagner, mas no Congresso o jogo é político e, deixando a fantasia de lado, o voto também. Pelo menos o Romário teve a decência de falar o que ele pensa de verdade...

No mais, acho que é muito cedo para falar no que é "cristalino" ou não...ainda mais quando, ao mesmo tempo, se defende a tese do "sendo-se favorável, mude de ideia o quando quiser"... continuar lendo

Bom, eu nem acho que seja "mudar o voto". Na primeira votação a discussão era quanto a se continuar o processo, a segunda será quanto a se deve haver de fato o impeachment.
Mas, como disse o Wagner, se o Senador Romário acha que não houve crime de responsabilidade, que assim vote. Se acha que houve, que assim vote. É essa a discussão.
Se por acaso ele não entender a discussão, achar que é concurso de popularidade e seus eleitores se sentirem decepcionados, que levem isso em conta nas próximas eleições ao escolherem candidatos.
...
Meu desejo, já externado, é que haja o impeachment. É fundado na crença de que é uma saída menos pior ao país do que a restauração do governo populista. Mas é apenas minha opinião, e na democracia deve prevalecer a decisão da maioria de acordo com o ordenamento vigente, e, neste caso, por intermédio de seus representantes no Senado. Acho apenas ridículo (também opinião pessoal) tratar o caso como "golpe". continuar lendo

E o detalhe: se for por questão de escutas a Dilma, o Lula e mais uma cambada do PT também aparecem nas gravações.

Se for por causa de obstrução à Justiça a nomeação do Lula, a nomeação do Navarro pro STJ também comprovam que o governo Dilma tentava barra a Lava Jato.

E como dito: se houve crime de responsabilidade (e gostem ou não os petistas houve) deve ser afastada em definitivo e pronto. continuar lendo

Mudar o voto neste momento, não em cima de um juízo efetivo, mas pelo comportamento do atual governo, é condenar o país.

E por qual motivo? Desejam novas eleições? Defendam novas eleições. Aguardem - e mesmo pressionem - pelo julgamento da ação que corre no TSE. Antes do ano se findar, claro.

Trazer de volta o gabinete afastado, por razões puramente políticas, é uma postura estúpida e suicida.

Não trará novas eleições, mas apenas o retorno de um gabinete irresponsável, inconseqüente, tirânico, e que já adotou formalmente, como nova bandeira, o caos. continuar lendo

Depois q Gilmar Mendes assumiu o TSE, a cassação da chapa Dilma-Temer é uma ilusão. Ele vai sentar em cima do processo como fez no STF para o processo sobre doações de campanha por empresas.
Já esteve reunido com o Temer para o que interessa a ele, 200 milhões para o Orçamento das Eleições Municipais desse ano! continuar lendo

Essa é a mesmíssima preocupação minha e da maioria dos cidadãos de bem, deste país. continuar lendo

Acharia uma pena.

Por mim o interino terminaria o brilhante plano de governo que articulou por meses. Afinal, esse projeto não ganha nas urnas... continuar lendo

Mas até lá ja estaremos na bancarrota, devendo ao FMI, tendo entregado nossas riquezas ao capital estrangeiro, alguns se locupletando e retirando-se do cenário político trilionários e continua "tudo como dantes no castelo de Abrantes", e joga-se a culpa na presidente deposta, que é o que certamente acontecerá! continuar lendo

Aqueles que votaram á favor do impeachment, estavam brigando por cargos e alguns por fórum privilegiado. Somente com uma reforma na constituição possamos mudar efetivamente esta república de ratos do congresso. continuar lendo