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19 de Abril de 2024

STF vai julgar se emenda à Constituição pode criar parlamentarismo

Discussão sobre mudança de sistema político foi proposta há 19 anos.

Publicado por Wagner Francesco ⚖
há 8 anos

STF vai julgar se emenda Constituio pode criar parlamentarismo

As acirradas discussões sobre a crise política ganharão um novo elemento nesta semana. Está marcado para quarta-feira, no Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento de uma ação que questiona se é possível migrar do sistema presidencialista para o parlamentarismo por meio de emenda à Constituição. A ação chegou ao tribunal em 1997, proposta pelo então deputado Jaques Wagner, que hoje é chefe de gabinete da Presidência da República.

Depois de 19 anos, o tema deve ser finalmente enfrentado pelo plenário da mais alta corte do país. Nos bastidores, ministros do STF comentam que a discussão sobre o parlamentarismo pode ajudar o Congresso Nacional a encontrar uma solução para a crise política do país.

Quando chegou ao STF, em 1997, a ação foi sorteada para a relatoria do ministro Néri da Silveira. No mesmo ano, ele negou a liminar. Em 2002, quando Silveira se aposentou, a relatoria passou para as mãos de Ilmar Galvão, que também já deixou a Corte. Em 2003, Carlos Ayres Britto recebeu o processo, que ficou parado, sem qualquer tramitação, até 2012, quando ele se aposentou. A relatoria foi novamente transferida, desta vez para o ministro Teori Zavascki, que atualmente conduz o caso. Ao longo das duas últimas décadas, o caso chegou a ser pautado várias vezes para julgamento, mas a burocracia do trâmite judicial provocou os adiamentos.

Quando a ação chegou ao STF, o Congresso Nacional discutia a emenda do parlamentarismo. Wagner entrou com a ação no STF para tentar impedir o debate, alegando que o sistema de governo só poderia ser mudado por meio de plebiscito. O petista não conseguiu a liminar, mas o Congresso nunca avançou nas discussões. Recentemente, a mudança de sistema de governo chegou a ser aventada por parlamentares como alternativa para a atual crise política. No entanto, a oposição no Senado conseguiu convencer o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), a adiar a ideia, para evitar a acusação de oportunista.

Em manifestação enviada ao STF na semana passada, o Senado defendeu que o tema possa ser discutido no Congresso. O documento, que foi encaminhado por Renan Calheiros, tece elogios ao parlamentarismo.

“Não é que o parlamentarismo suprime a separação ou a independência entre os poderes. O que ocorre é que otimiza outro princípio igualmente importante que é o da harmonia entre Legislativo, Executivo e Judiciário”, diz o parecer, assinado pelo advogado-geral do Senado, Alberto Cascais.

“O sistema parlamentarista não é incompatível com o princípio republicano, nem o princípio da separação de poderes, como asseveram os impetrantes. Fosse o caso o Constituinte originário não o teria lançado como legítima opção ao presidencialismo. Ou seja, decorre da Constituição que o debate de eventual adoção do parlamentarismo é absolutamente compatível com o que ela tem de essencial”, complementa o texto.

O parecer também tece críticas ao presidencialismo, atentando para os “efeitos deletérios à separação dos poderes e às liberdades públicas” das medidas provisórias. “O instituto (das medidas provisórias), importado da Itália, república parlamentarista, contribui decisivamente pela posição hegemônica do presidente em relação ao Congresso Nacional no Brasil, de forma a perpetuar nosso presidencialismo imperial”, diz o texto.

Segundo a ação proposta por Jaques Wagner, o Congresso não poderia analisar uma PEC sobre o tema, porque a Constituição estabelece a consulta popular para definição do sistema de governo. Em 1993, o parlamentarismo foi rejeitado nas urnas em um plebiscito. Mas a defesa do Senado afirma que o sistema presidencialista não está entre as cláusulas pétreas da Constituição — ou seja, aquelas que não podem ser modificadas. Portanto, a discussão poderia ser feita por meio de emenda constitucional no Congresso.

“Não há óbice constitucional para o debate da matéria, tendo em vista que o sistema presidencialista não integra o núcleo duro da Constituição da República”, diz o Senado. “O que não se admite, por imperativo do princípio democrático e do princípio do pluralismo, é que se abortem debates em torno dessas questões, como pretendem”, conclui o parecer. A posição do Senado poderá ser levada em consideração pelos ministros no julgamento de quarta-feira.

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119 Comentários

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Parlamentarismo sem o aval do povo brasileiro não seria golpe?
Ah! tá.
Só rindo... continuar lendo

Sim, amigo José, pois veja bem quem é o "pai da criança"? continuar lendo

Amigo a reportagem é bem clara, como a discussão não é clausula pétrea, não impedi a alteração por meio de emenda a constituição, portanto não necessitando de consulta ao povo. continuar lendo

Amigo Cristiano:
A afirmação de não ser cláusula Pétrea já encontra divergências.
A existência de um plebiscito quando o povo decidiu pelo regime que seria adotado no Brasil não pode ser simplesmente ignorada. continuar lendo

Tá mais do que obvio que não passa de novo Golpe. continuar lendo

O amigo esquece que os deputados SÃO a representação do povo na manutenção da democracia desse país. Portanto, não há motivos para banalização do termo golpe no atual cenário político brasileiro. continuar lendo

Sim José Roberto. Eu, por exemplo, sempre fui favorável ao parlamentarismo. No plebiscito que houve votei a favor do parlamentarismo republicano. Penso, entretanto, que no meio desse imbróglio em que o país está metido, uma emenda parlamentarista seria um casuísmo. Pode ser que depois que os ânimos serenarem possamos pensar em acabar com o sistema presidencialista, que tanto mal vem causando, por tornar extremamente rígida a destituição de governantes que atentam contra os interesses da nação. continuar lendo

Ricardo:
É exatamente isso. Não é o momento.
Imagine a implantação de um regime parlamentarista com o nível de qualidade que hoje existe no sistema político nacional.
Elegeriam o Beira Mar, com certeza. continuar lendo

Eu acredito no sistema presidencialista, embora não descarte o parlamentarismo no futuro.
O que é preciso são ajustes na constituição que permita a agilidade da justiça, e impeça esse livre comércio entre os poderes.
Falta seriedade à nossa constituição.
Mas tudo pode ser resolvido. continuar lendo

Sr. Cristiano, a alteração do sistema presidencialista para o parlamentarista implica na vinculação do poder executivo ao poder legislativo, visto que a eleição e a retirada do chefe do poder executivo caberão ao Congresso – ao invés de eleição direta e autonomia do poder executivo. Isto é alteração da separação de poderes com tendência a aboli-la, o que incide na vedação do artigo 60, § 4º, III da Constituição Federal – sendo, portanto, cláusula pétrea.

O advogado do Senado não enfrenta isto na notícia, resumindo-se somente a alegar que não fere a separação dos poderes e não é incompatível com o princípio republicano.

Abraços! continuar lendo

Também acho, o PT que fala tanto em Golpe continuar lendo

Concordo plenamente com o Senhor José Roberto: parlamentarismo sem plebiscito é golpe!!!
É possível que o parlamentarismo seja um modelo que venha a se adequar ao Brasil, mas sem a consulta popular, como manda a Constituição, é golpe!!!
Vejam que esta ação foi proposta pelo Senhor Jaques Wagner em 1997. Será que hoje, como Ministro da Casa Civil, ele sustentaria a mesma tese??? continuar lendo

Só a título de informação, a proclamação da república foi um golpe. continuar lendo

Alegar que não é inconstitucional não torna algo necessariamente constitucional. O artigo 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias definia um momento específico para a escolha do sistema de governo, e este já foi realizado. A partir desta data, os poderes são definidos, divididos e limitados, havendo, portanto, pela escolha do presidencialismo, a maneira com que o poder é separado. Assim, artigo 60, § 4º, III passa a operar no sentido de proteger o sistema de governo que foi escolhido, que é o presidencialismo, onde em sua natureza não é o legislativo quem escolhe o chefe do executivo.

Qualquer emenda no sentido de implementar o parlamentarismo é inconstitucional. Não pode sequer ser deliberado!

Ademais, parlamentarismo no Brasil com PT, PMDB, PSDB, PSD e PP como maiores partidos no Congresso? Nunca! Para quem reclama da barganha no “presidencialismo de coalizão”, vamos ver o fisiologismo mais forte com o parlamentarismo. Não iria ser nada bom para o Brasil...

Abraços! continuar lendo

Essa discussão acerca do parlamentarismo demonstra claramente que a crise política que enfrentamos é uma briga de poder, é ambição de comandar a nação por vias alternativas, nada pelo interesse do eleitorado, apenas pelas suas bancadas/investidores.

A presidente da República exerce cargos de chefia e administração há bastante tempo, presidiu a Petrobras num dos seus melhores momentos, teve um primeiro mandato sem maiores turbulências, não é possível que seja tão ineficiente a ponto de necessitar dividir suas competências com alguém do legislativo.

A possibilidade de parlamentarismo é mais uma discussão que vai morrer no pós-Dilma... uma tentativa fracassada de retirar um pouco do poder do Executivo. Assume o Temer, caí no esquecimento a discussão, assim como a Operação Lava-Jato e os textões moralista do facebook. continuar lendo

Desculpe Aphonso, você está pensando somente neste governo. Tem que pensar no Brasil, então independente de quem seja o governante a Lava-Jato tem que continuar, temos que limpar o País. Não podemos ficar cultuando corruptos de estimação, seja do PT, PSDB, PP, PR, PSB, Rede etc. continuar lendo

Concordo contigo Sr. Aphonso em gênero,numero e grau, se o Temer assumir tudo vai para o esquecimento, principalmente a Lava-Jato, na eleição seguinte, Sergio Moro se elege deputado, e tudo continua como antes.Achando que, por que não esta na mídia, a corrupção não existe.
Alem disso o parlamentarismo carece de bons representantes, não que o presidencialismo não careça, mas o parlamentarismo, mais; e a nossa representação no congresso é lamentável. continuar lendo

Por que o sistema político brasileiro é um 'M"?

Peço desculpas aos ilustres leitores, pela forma de expressar no que se refere a qualificação chula do sistema político brasileiro.
Mas, como podemos visualizar um futuro prospero, quando que, as pessoas que elegemos para governar o nosso pais e cuidar de todo povo brasileiro, só se preocupa em tecer armadilhas e arquitetar meios de corromper e roubar as esperanças do povo que a ele confiou o seu voto.
Fica difícil acreditar que existe político sério neste pais, e nos que trabalhamos de sol a sol, que esperança levamos para nossa família, como dar esperança para meus filhos, se eu mesmo já estou perdendo as esperanças. Quero motiva-los mas não tenho argumento suficiente par apontar um futuro.
Será, que a honestidade e caráter só é obrigação deste povo sofrido, sem a mínima garantia de educação e saúde.
Como acreditar em um sistema que aceita pessoas desqualificada para governar Municípios, Estados e o Brasil.
Como podemos melhorar, se os VEREADORES, PREFEITOS, DEPUTADOS ESTADUAIS E GOVERNADORES DE ESTADOS, que roubam as merendas escolares de muitos, que só consegue se alimentar com a merenda escolar, e que descaradamente escravizam os educadores com uma miséria de salário.
Como podemos melhorar, se os VEREADORES, PREFEITOS, DEPUTADOS ESTADUAIS E GOVERNADORES DE ESTADO, roubam medicamentos essencial para a sobrevivência de milhões de pessoas.
Como podemos melhorar, se os DEPUTADOS FEDERIAS, SENADORES E A EQUIPE GOVERNAMENTAL DESTE PAIS, ESTA AFUNDADO NUM MAR DE MENTIRAS, FALCATRUAS, ROUBOS, CORRUPÇÃO E ATÉ ASSASSINATOS.
Pelo AMOR DE DEUS, digam para mim, me convençam que tudo isto é bom, que justo ou que é certo.
Hoje eu vejo a política como uma FACULDADE DE PICARETAS, COM PÓS GRADUAÇÃO EM ROUBO E LATROCÍNIO, COM DOUTORADO EM MENTIRAS E DISSIMULAÇÃO E MESTRADO EM, BURLAR, ILUDIR E MENTIR.
Se queremos ter políticos que possamos nos orgulhar, estes candidatos tem que apresentar seu" curriculum vitae " para o povo. Não importa que seja (VEREADORES, PREFEITOS, DEPUTADOS ESTADUAIS E GOVERNADORES DE ESTADOS) (DEPUTADOS FEDERIAS, SENADORES E A EQUIPE GOVERNAMENTAL). O povo precisa saber, qual a qualificação do candidato, qual o grau de instrução do postulante e em que área e esfera administrativa ele seria útil PARA O POVO E PARA O PAIS.
Qualificação mínima para qual quer candidato tem que ser NÍVEL SUPERIOR COMPLETO.
Independente das declarações da RF, apresentar Atestado idoneidade Financeira Criminal - Estadual e Federal.
Estes documentos tem que ser vinculados em todos os meus de comunicação.
Como ainda não temos um equipamento que possa medir o caráter de um indivíduo, estas mudanças seria de bom começo se os que tem o poder de mudar o SITEMA ELEITORAL OU CONSTITUCIONAL, TIVER VERGONHA NA CARA continuar lendo