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24 de Abril de 2024

Homem acusado de matar filho no Rio por ser 'afeminado' vai a júri popular

Publicado por Wagner Francesco ⚖
há 9 anos

A Justiça do Rio determinou que Alexandre Andre Moraes Soeiro, acusado de matar o próprio filho de 8 anos em fevereiro deste ano, vá a júri popular. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio nesta quarta-feira (16), a decisão foi do juiz titular da 1ª Vara Criminal da Capital, Fábio Montenegro. Na ocasião do crime, o depoimento do réu e as declarações das autoridades policiais davam conta de que o crime foi cometido porque o menino teria um comportamento desobediente. No entanto, na recente decisao do TJ-RJ, o juiz frisou que as agressões contra o menor eram frequentes e ocorriam porque o pai dizia que o filho tinha um jeito "afeminado".

A decisão foi antecipada pela coluna do Ancelmo Gois, no jornal O Globo. "Ocorre que o denunciado, entendendo ser o menino 'afeminado', porque brincava de dançar e andava por vezes 'rebolando', passou a espancá-lo frequentemente, com o intuito de 'ensiná-lo a ser um homem', sendo esta a motivação para a prática do crime", destacou o juiz na decisão.

A vulnerabilidade do menor, que, segundo denúncia do Ministério Público, também apresentava sinais de desnutrição, foi levada em conta para que Alex seguisse preso preventivamente.

"Em virtude dos reiterados espancamentos sofridos pela vítima, esta passou a se retrair diante do pavor que sentia, não reagindo aos constantes espancamentos do denunciado. Restando comprovados os fatos descritos na denúncia, assim como os indícios de autoria, impõe-se submeter o acusado a julgamento pelo Tribunal do Júri, pois cabe a este Colegiado a análise das provas e a decisão quanto aos crimes dolosos contra vida", decidiu.

'Monstro de Bangu'

A vítima, cujo nome lembra o do pai, era natural de Natal, no Rio Grande do Norte. Alex Medeiros de Moraes, segundo denúncia do Ministério Público, foi morar com o Alexandre e a esposa dele na Vila Kennedy, Zona Oeste da cidade, onde viveu seus últimos sete meses de vida. Na época do crime, o motivo da prisão aparentava certa inconsistência - à autoridade policial, o suspeito alegou que o garoto se recusou a cortar o cabelo para ir ao colégio e, por isso, foi agredido.

Ainda durante investigações, o delegado titular da 34ª DP (Bangu) Rui Barbosa de Souza, responsável pelo caso, declarou ao G1 que Alexandre já tinha antecedentes e era conhecido pelo comportamento violento. “O cara foi apelidado de ‘monstro de Bangu’. Ele já tinha sido preso por tráfico de entorpecentes, já tinha antecedente”, declarou.

Em março, Digna Medeiros, mãe do menino, disse à polícia que Alexandre André não era violento com ela. "A gente não tem esses informes. Mas com esse comportamento dele nem preciso saber desse histórico. O que ele fez foi uma brutalidade", completou o delegado.

Apesar da declaração, a mãe lamentou a morte do filho nas redes sociais e pediu justiça. "Meu mundo acabou quando eu soube da morte do meu principe. Quero ver se nesse Brasil há justiça ou vai ser mas um anjinho que se foi de uma forma covarde", escreveu.

Procurada pelo G1 nesta quarta-feira (17), Digna não foi localizada para se posicionar sobre o assunto.

Crime

Alexandre André foi preso na Zona Oeste do Rio no dia 19 de fevereiro. De acordo com a Polícia Civil, a Justiça determinou a prisão temporária depois que ele confessou ter batido no menino.

Segundo a Polícia Civil, o menor deu entrada dois dias antes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Kennedy, em Bangu, mas já estava morto. Ele apresentava sinais de agressão e a equipe médica acionou a polícia.

O corpo do garoto foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). De acordo com a Polícia Civil, o laudo de necropsia apontou que ele morreu em decorrência de hemorragia interna e dilaceração do fígado.

Fonte: G1

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9 Comentários

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Wagner,
Gosto muito de ler e acompanhar os seus textos.
Retomando ao crime, a decisão, de conduzi-lo a julgamento popular, se faz corretíssima, lamentavelmente, não retoma a vida, do jovem assassinado, pelo próprio pai, como demonstração, que a discriminação, se faz muito premente, ainda, na nossa atualidade. continuar lendo

Odacy, boa noite! Obrigado por sua atenção e palavras de incentivo.

Também concordo com a decisão de ser o Júri quem julgue este caso. Fico a me perguntar: se este pai mata o seu filho porque o acha afeminado, imagina do que seria capaz de fazer ao ver gays assumidos...

Esta cultura de morte e cultura de "homem machão pegador de mulher" tem que acabar, para o bem de todos.

Um abraço e tenha uma excelente noite. Deus lhe proteja dos males deste mundo mal. continuar lendo

Lendo o texto acredito ter ai um problema muito grande! Ele fazia o menino sofrer e não foi tirado do convívio com o "pai" imediatamente? Como pode ser isto? As pessoas vendo o menino emagrecendo e sabendo do espancamento nada fizeram?

E a mãe? Nada fez? Omissão! Omissão! Omissão! Isso também é crime.

Eu sou radicalmente contra a união entre pessoas do mesmo sexo, mas reconheço que neste caso houve homofobia, não é mesmo? Matou o menino por ser "efeminado", característica de homofobia declarada.

Cadeia é bem pouco para este... não há palavras para classificá-lo, monstro é pouco. continuar lendo

Muito informativo e significante o texto.

Isso, nos eleva a reflexão, acerca da chamada 'Homofobia'.

Realmente esse tipo de conduta, se configura a figura típica, e, não apenas ter o direito de não gostar da prática homoafetiva, e, expressar a legitima opinião.

Pelo universo do ativismo, existe muita ilusão de afirmar categoricamente que toda opinião ou expressão acerca desse assunto, desagua na ideia homofóbica.

Muito bom, desmistifica muito esse equivoco. Apesar de quê, creio que nem precisamos, nesse caso de resultado óbito, por entender o genitor que seu filho teria um 'jeito afeminado...' de uma lei específica, já que houve um homicídio doloso, já tipificado no Código Penal Brasileiro. continuar lendo

Engraçado, não ouvi falar em momento algum que alguém dos Direitos Humanos, digo, "Direito dos Manos", foi prestar algum tipo de amparo material, moral ou psicológico à família da vítima. Hipócritas, não? continuar lendo

Não me lembro de ter visto os direitos humanos defendendo alguém que merecesse!

Desconsiderando casos de grande exposição na mídia que eles passaram a se pronunciar depois que passaram a ter bastante atenção e exposição!

E olha que eu procurei, hein! continuar lendo

Homofobia, violência com um menor, que sendo ele a figura paterna (padrasto), tem a situação agravada - deveria ser um "porto seguro". Isso sem não contar a violência psicológica a que este menino ficou exposto: Ele viveu um verdadeiro terror, e já devia estar querendo até morrer.

- Este homem merece a pena de morte. Mas quem pode matar?
- Então prisão perpétua? Também não está entre as possibilidades legais.

Resta ele ser julgado culpado e ficar 30 anos reclusos no máximo. E se tiver o benefício da redução da pena, de ser réu primário (ele tem antecedentes, mas foi julgado culpado?) e de prisão domiciliar, pode ser colocado em liberdade em menos de 10 anos. NÃO É JUSTO. Mas acho que população encarcerada não vai aceitar isso. continuar lendo

Sacrificar animais nós podemos!

Qual seria a diferença entre os outros animais e o ser humano?

Se fosse a capacidade de viver em sociedade teriamos uma brecha.
Mas não é só isto.

Mas que dá muita revolta e vontade de aplicar a lei de talião, isto dá. continuar lendo